Cartas de mulher acusada de envenenar familiares com arsênio são divulgadas; ela foi encontrada morta no presídio

Cartas de mulher acusada de envenenar familiares com arsênio são divulgadas; ela foi encontrada morta no presídio

Foto: Polícia Civil - Divulgação

Trechos de cartas escritas por Deise Moura dos Anjos, acusada de envenenar e matar quatro familiares com um bolo contaminado, foram divulgados na manhã desta coletiva de imprensa da Polícia Civil, em Porto Alegre sexta-feira (21) durante. A divulgação ocorre dias após Deise ter sido encontrada morta em uma cela da Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na manhã do dia 13, onde estava presa.


A investigação, denominada Operação Acqua Tofana, foi concluída e o inquérito policial encaminhado à Justiça na quinta-feira (20). O resultado apontou Deise como autora de quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio com as mesmas qualificadoras. O processo contou com mais de mil páginas, incluindo 24 perícias realizadas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), 25 depoimentos e sete relatórios técnicos.


Nas cartas, escritas durante a prisão, Deise desabafa sobre sua relação conturbada com a sogra e tenta justificar sua inocência. Em uma das mensagens, datada de 12 de fevereiro de 2025, ela nega ser responsável pelas mortes e sugere que o ingrediente contaminado pode ter vindo de uma farinha "podre" usada no preparo do bolo.


"Muito obrigada por esses 20 anos que fez da minha vida de casada um inferno, mais uma vez eu sou a vilã e você a mocinha. Fiz um bolo com uma farinha podre, que sabe-se lá de onde saiu, quanto tempo estava aberta, cheia de veneno, matou a família toda."


Em outro trecho, Deise pede ajuda à sogra e afirma que comprou o veneno para si mesma, pois estaria em depressão. Segundo ela, a substância foi descartada no mesmo dia em que chegou, ao perceber que seu filho estava por perto.


"Sogra, humildemente te peço ajuda e socorro. (...) Te juro pela vida do Davi que não fui eu que causei isso. A droga do veneno que comprei 'pra mim' (...) chegou em 3/12 e, na mesma hora que chegou, eu coloquei fora na pia do banheiro, pois bem na hora que abri, o Davi chegou. Eu tava chorando, e ele me abraçou e disse: 'Calma, mãe, não fica nervosa, eu te amo, reza um pouquinho que passa'."


Além das cartas escritas antes de sua morte, Deise também deixou uma última mensagem, na qual menciona os familiares que morreram e reflete sobre a impossibilidade de mudar o passado:


"Não podemos alterar o passado, nem trazer de volta as pessoas amadas que perdemos. Eu adorava meu sogro, amava a Dinda e a tia Maida (...). Em relação à Tati, há vinte anos atrás, seu ciúme obsessivo nos distanciou, juntamente de todos vocês com nós".


A investigação reuniu provas materiais e testemunhais que corroboram a autoria do crime. Entre os principais elementos, estão compras registradas de substâncias tóxicas em agosto de 2024, depoimentos que indicam comportamentos suspeitos de Deise e cartas contendo menções a desavenças familiares e ao uso de veneno.


Além disso, o inquérito investigou a morte do sogro da suspeita, cujo corpo foi exumado e revelou a presença de substâncias tóxicas compatíveis com as encontradas na perícia do bolo. Depoimentos indicaram que Deise mantinha um histórico de atritos com o sogro e que, antes da morte dele, ela havia feito comentários sugerindo que algo poderia acontecer com ele. No entanto, a nora não foi indiciada devido à extinção da punibilidade, conforme previsto no Código Penal.

Com a morte da suspeita, o inquérito será remetido ao Ministério Público, que deverá pedir o arquivamento do caso.


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